04/03/2020
Paraibanas participam da conferência nacional da mulher advogada em Fortaleza
A III Conferência Nacional da Mulher Advogada, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), debaterá nesta quinta-feira (05) e sexta-feira (06), em Fortaleza (CE), os desafios da advocacia contemporânea na perspectiva do universo feminino. Com mais de 2.200 inscritos e delegação paraibana, composta por cerca de 40 advogadas, a conferência é um dos eventos mais importantes da advocacia brasileira, com debates de questões que abordam desde a aplicação da Lei Maria da Penha, o aumento do feminicídio no país, a participação da mulher na política, à serie de obstáculos enfrentados pela advogada em seu cotidiano profissional.
Na delegação paraibana, intitulada de Caravana Fátima Lopes, estão as advogadas Francisca Leite , Laryssa Almeida, Carol Lopes, Marina Gadelha, Izabelle Ramalho, Monica Lemos, Anna Carla Lopes, Weruska Maciel, Andressa Maia, Regina Fernandes Maia, Ana Brígida Xavier, Danielle Lucena, Magda Schultz, Katiele Marques, Juliette Lima, Ezilda Melo, Jullyana Viegas, entre outras. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraíba (OAB-PB), Paulo Maia, também participará do evento.
Para esta edição, a Conferência elegeu como tema central a busca de uma advocacia mais igual, livre e com o apoio mútuo entre as advogadas brasileiras – Igualdade, Liberdade e Sororidade. Serão cerca de 70 palestrantes, e 14 painéis e oficinas. A abertura acontece nesta quinta-feira (05), às 8h30, com a presença do presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz. Todo o evento acontecerá no Centro de Eventos do Ceará , localizado na Avenida Washington Soares, 999, no bairro Edson Queiroz.
A presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB, Daniela Borges, enfatiza que o debate transcende os desafios da advocacia feminina. “É um debate que interessa à sociedade. Nós enfrentamos desafios e dificuldades muito peculiares em razão da nossa condição de mulher. É muito importante que possamos discutir essas particularidades e o que tem de complexo neste cenário. Há uma desigualdade de gênero nas profissões e na sociedade, pois o Brasil é o quinto país do mundo em número de feminicídios”, disse.
Atualmente, homens e mulheres dividem o quadro da advocacia no Brasil. São 586,9 mil advogadas e 596,2 mil advogados inscritos na Ordem. As condições do exercício da advocacia, no entanto, não são as mesmas, segundo ressalta Daniela Borges. A situação salarial é desigual, as mulheres são vítimas de assédio e discriminação. Há caso de advogada que teve de passar por revista íntima para atender seu cliente em presídio, episódio em que a profissional teve a altura de sua saia questionada ao entrar em tribunal, evidenciando violações de prerrogativas da advogada.
A presidente da comissão reforça a necessidade de homens e mulheres estarem juntos nesse debate. “É preciso construir uma sociedade mais igual, não no sentido de suprimir as diferenças, mas respeitando e incluindo as diferenças de maneira que todos possam gozar dos mesmos direitos, oportunidades e com a liberdade de sermos o que quisermos e de estarmos onde quisermos”, afirmou Daniela.
A adoção de ações afirmativas tem contribuído para mudar o perfil da OAB. A participação de mulheres no Conselho Federal cresceu em quase 1.000%, em menos de uma década, e a mulher tem espaço garantido em um dos cinco cargos da direção nacional na próxima gestão.
No ano passado, o Conselho Federal aprovou súmula que estabelece a prática de violência contra a mulher como motivo para a negativa de inscrição do advogado na Ordem. Pela primeira vez, a OAB preencheu as duas vagas destinadas à advocacia no Conselho Federal do Ministério Público com advogadas. Também fato inédito na história da OAB, mulheres e homens dividirão igualitariamente em número de palestrantes na XXIV Conferência Nacional da Advocacia, o maior evento da advocacia brasileira a ser realizada em novembro, em Brasília.
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